A Longa Marcha, Stephen King – resenha completa

A Longa Marcha foi o meu primeiro contato com uma obra de Stephen King — ou melhor dizendo, com seu pseudônimo Richard Bachman — e confesso que a leitura me deixou dividido.

De cara, algumas coisas me incomodaram bastante: a linguagem é bem crua, até meio chula em vários momentos, o que me afastou um pouco.

Também senti falta de uma introdução mais clara sobre o universo da história — o livro simplesmente começa e você vai descobrindo o contexto aos poucos, no meio da caminhada. E, o final? Esse eu deixo para vocês descobrirem. Não vou estragar a surpresa!😉

Se você, assim como eu, nunca leu Stephen King, ao término da leitura, você entenderá porque ele é tão reverenciado por milhões de leitores.

A Longa Marcha, de Stephen King.

Gênero: Ficção de suspense

Título: A Longa Marcha / Stephen King sob o pseudônimo de Richard Bachman

Título original: The Long Walk

Autor: Richard Bachman (Stephen King)

Ano de publicação: 1979


Edição avaliada: 1ª Edição – 2022 / reimpressão

Editora: Suma

Páginas: 293

Quem é Stephen King?

Eu sempre via muitos títulos do Stephen King nas livrarias, mas nunca me aventurei em uma leitura. Acredite!

Foi minha sobrinha quem me indicou e emprestou A Longa Jornada para essa resenha. Então, para fazer essa leitura, antes de tudo, precisei conhecer um pouco mais sobre esse autor….e me senti um grande ignorante!

O cara é só um dos autores mais populares e prolíficos da literatura contemporânea! Suas histórias de terror, suspense e fantasia fazem sucesso em todo mundo. Eu já conhecia várias delas, mas não sabia que eram dele.

Filmes como O Iluminado, It: A Coisa, Carrie e A Espera de um Milagre são algumas das grandes adaptações de seus livros.

Stephen King nasceu em 1947, nos Estados Unidos, e já publicou centenas de livros.

Mas o que pouca gente sabe é que, no início da carreira, ele também publicou alguns livros sob o pseudônimo Richard Bachman.

As obras de Bachman, como A Longa Marcha, costumam ser mais cruas, mais focadas no psicológico e menos voltadas ao sobrenatural.

Sinopse do livro

“Contrariando a vontade da mãe, o jovem Ray Garraty está prestes a participar da famosa prova de resistência conhecida como a Longa Marcha, que presenteia o vencedor com “O Prêmio” – qualquer coisa que ele desejar, pelo resto da vida.

No percurso anual, que reúne milhares de espectadores, cem garotos devem caminhar por rodovias e estradas dos Estados Unidos acima de uma velocidade mínima estabelecida. Para se manter na disputa, eles não podem diminuir o ritmo nem parar.

Cada infração às regras do jogo Ihes confere uma advertência. Ao acumular mais de três penalidades, o competidor é eliminado – de forma permanente. E não há linha de chegada: o último a continuar de pé vence.

Angustiante e impossível de largar, A Longa Marcha é uma narrativa distópica sobre uma competição em que os participantes não têm mais nada a perder além da própria vida.

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Resumo

A história gira em torno de um evento anual macabro: a “Longa Marcha”, uma competição em que cem adolescentes devem caminhar sem parar, obedecendo a regras rigorosas.

Caso diminuam o ritmo, parem ou se desviem do caminho, recebem advertências. Após a terceira advertência, o próximo erro equivale a punição definitiva: a morte.

O protagonista, Ray Garraty, é um dos participantes da marcha e, ao lado dos demais “marchadores”, encara não apenas o desgaste físico brutal, mas também o esfacelamento psicológico provocado pela tensão constante e pela iminência da morte — sua ou dos colegas.

Após o início da Marcha, pouco a pouco os participantes são ceifados pelos seus erros. Os remanescentes vão se surpreendendo, analisando e aprendendo que a realidade é muito mais dura do que eles imaginavam.

Parece que, a maioria deles, entrou na Marcha meio que sem saber o que estava fazendo. O evento já acontece há alguns anos, mas agora eles estão assistindo pelo lado de dentro e vendo que o mundo do espetáculo é cruel e sanguinário.

Cada um dos participantes tem suas próprias razões para participar da marcha – apesar de que nenhuma delas me parece justificar a morte. Aos poucos vamos conhecendo um pouco da vida de alguns deles, bem como da realidade particular em que cada um está vivendo e, assim, passamos a entender um pouco melhor o que os lançou nesse desespero.

Desta forma, eles vão percorrendo os quilômetros, enfrentando as subidas e as descidas das estradas, o calor, o frio, as chuvas e até granizo.

Garraty se aproxima de alguns participantes e, aos poucos, laços de amizade se confrontam com o interesse pela vitória. O desejo de ajudar se divide com a vontade de vencer.

A Marcha é um espetáculo

Em cada vila que a marcha cruza, os habitantes saúdam os competidores como se fosse um desfile, com fogos e torcidas. Garraty, que é do Maine, estado onde fica sua cidade natal, frequentemente tem seu nome sendo gritado pelas ruas. Curiosidade: Stephen King é natural do estado de Maine, Estados Unidos.

De qualquer forma é chocante ler cada uma das finalizações: se atrasar por estar fazendo necessidades, por se agarrar com uma torcedora assanhada, por ficar doente, por tentar fugir, por ficar louco, e por aí vai.

E tais finalizações ocorrem em qualquer lugar, mesmo com a plateia assistindo. Na verdade, a plateia vibra quando ocorre.

Um momento de destaque é quando Garraty passa por sua cidade durante a marcha e encontra sua mãe e sua namorada, Jan. É uma rápida cena que marca o contraste entre os laços pessoais e o clima de tensão que envolve os participantes.

Já totalmente conscientes de que a morte é o destino de todos, alguns acordos começando a ser feitos entre eles, como apoiar a família de alguém, ou não ajudar quem estiver nas últimas.

Na parte final da Marcha, o extremo cansaço e o psicológico profundamente abalado vão derrubando cada um dos remanescentes e o tiro dos soldados já parece um alívio.

O livro se encerra no 18º capítulo. O vencedor? Bem, esse você vai ter que ler o livro para saber quem foi!

Minha opinião

Apesar de, no início, ter achado que não era o meu tipo de leitura, com o passar das páginas, comecei a entender melhor o que o autor estava propondo.

A Longa Marcha é mais sobre o psicológico dos personagens do que sobre a ação em si. A tal da marcha (que já é perturbadora por si só) vai servindo como pano de fundo para uma imersão profunda nas emoções, nos dilemas e nos limites humanos. E isso, admito, Stephen King fez com muita habilidade.

Os diálogos entre os garotos, o desgaste físico e emocional, as pequenas amizades que surgem em meio ao desespero… tudo vai te prendendo, mesmo quando o ritmo parece parado – se é que isso é possível numa marcha.

No fim das contas, não é uma leitura leve, mas é uma leitura que te faz pensar. E mesmo com todos os incômodos, é difícil sair ileso da experiência.

Para quem acha que caminhar dormindo é impossível, acredite, é possível sim! Eu mesmo já fiz algumas marchas no meu tempo de caserna. É claro, nada que chegue perto dessa monstruosidade, mas, de vez em quando, alguém dormindo errava a curva dos caminhos e ia parar no meio do mato.

Linguagem

A linguagem, que no início me incomodou um pouco, é, na verdade, totalmente compatível ao universo de adolescentes masculinos com seus hormônios à flor da pele. Aos poucos, fui percebendo o peso da realidade na qual o universo do livro estava inserido.

Combinando esses aspectos com o desafio a que se propuseram, a linguagem é apenas mais um dos aspectos sociais que o autor usa para revelar esse mundo deturpado.

A escrita é direta, angustiante e eficaz. Não há grandes reviravoltas externas — toda a ação acontece ao longo da estrada — mas o verdadeiro movimento está dentro dos personagens, cujas motivações, memórias e desespero são revelados com maestria.

A Longa Marcha é assustadoramente realista em sua representação do comportamento humano sob extrema pressão.

King utiliza diálogos profundos e introspectivos para revelar a complexidade emocional dos personagens, especialmente Ray, que se vê dividido entre o instinto de sobrevivência e a empatia por seus companheiros de jornada.

Observe como o próprio diálogo interno dos personagens, especificamente Ray Garraty, se altera conforme o momento da Marcha. Seus pensamentos começam a se embolar conforme seu cansaço o leva à beira da loucura.

Conclusão

A Longa Marcha é um livro que permanece com o leitor muito depois da última página. De verdade!

Sua crítica velada à sociedade do espetáculo, à militarização e à competitividade extrema o tornam atemporal. Não é apenas uma distopia: é um estudo psicológico intenso e uma metáfora brutal sobre até onde alguém pode ir quando não há outra escolha além de continuar.

Minha avaliação:

Uma leitura inquietante, reflexiva e surpreendentemente atual. Recomendo para os fãs do gênero!

Se eu leria de novo? Sim. Leria para rever com detalhes o desenvolvimento psicológico de cada participante desde o início.


Espero que tenham gostado dessa resenha. Quem já leu o livro deixe nos comentários as partes que mais surpreenderam durante a leitura. Ah! Quem tiver sugestões de livros deixe anotado também. Até a próxima!


Alberto Ramos

Designation

O autor é pós-graduado em Comunicação Social pelo Centro de Estudos de Pessoal (CEP/FDC) do Exército.


A Longa Marcha nos cinemas?

Para minha surpresa, após encerar essa resenha, acabei sabendo, por intermédio de um trailer, da adaptação que será lançada em breve nos cinemas, já no mês de setembro de 2025. Fica combinado que assim que eu assistir, faço uma atualização deste artigo. Até lá!


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